Endoscopia Digestiva Alta: Guia Completo

A Endoscopia Digestiva Alta é um exame complementar realizado pelo médico Gastroenterologista especialista em Endoscopia Digestiva para avaliar o trato gastrointestinal alto.

Também apelidada de EDA, ela permite que se visualize diretamente o esôfago, estômago e duodeno.

O endoscópico é um aparelho em formato de tubo, fino e flexível, com uma câmera na ponta que permite visualizar todo o trato gastrointestinal alto.

Ele é introduzido pela boca e percorre todo o esôfago, estômago e duodeno. A ponta do aparelho que contém uma câmera transmite as imagens para um monitor posicionado em frente ao médico examinador.

Com esse exame além de realizarmos o diagnóstico de doenças podemos também performar tratamentos endoscópicos através da passagem de pinças e acessórios pelos canais existentes no interior deste tubo.

Dra Vanessa Cipriani Vargas é médica Gastroenterologista com mais de 15 anos de formação. Especialista em Gastroenterologia e Endoscopia Digestiva, ela realiza exames de Endoscopia Digestiva Alta.

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O que se avalia com a Endoscopia Digestiva Alta?

No esôfago pode-se avaliar doenças como:

Doença do Refluxo Gastroesofágico
Úlceras Esofageanas
Hérnia de hiato
Estreitamentos no esôfago
Divertículos no Esôfago
Úlceras esofageanas induzidas por refluxo, medicamentos e infecções
Câncer de Esôfago
Esôfago de Barrett
Esofagites induzidas por alergia (esofagite eosinofílica), por refluxo ácido, por medicamentos
Varizes esofageanas
Pólipos
Status pós cirurgias e etc…

No estômago podemos observar:

Gastrites de diversas causas
Úlceras gástricas
Câncer gástrico precoce e avançado
Varizes gástricas
Status pós cirurgias (gastrectomias , cirurgias bariátricas )
Pólipos

No duodeno podemos observar:

Duodenites
Úlceras duodenais
Divertículos
Doença Celíaca
Pólipos

Qual é o preparo para a realização da Endoscopia Digestiva Alta?

O preparo é extremamente importante para que o exame seja feito com segurança para o paciente.

No caso da EDA espera-se que o paciente faça jejum absoluto para sólidos e líquidos por 8hs, a fim de conseguirmos avaliar o estômago sem resíduos alimentares e para que o paciente não corra o risco de fazer aspiração do conteúdo gástrico para o pulmão.

O médico deve sempre ser avisado na consulta que antecipa a realização do exame sobre medicamentos de uso contínuo e alergias a medicamentos e ao látex.

Remédios de uso habitual como anti-hipertensivos podem ser tomados antes do exame com pequenos goles de água.

Alguns remédios precisam ser suspensos para a segurança do paciente, a fim de reduzir o risco, por exemplo, de sangramentos e para não atrapalhar a pesquisa da bactéria H.pylori.

Dentre as medicações normalmente suspensas temos

Anticoagulantes

Antiagregantes plaquetários

Inibidores de bomba de prótons (IBPs)

Anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs)

Medicamentos utilizados para tratamento do diabetes e antiobesidade também precisam ser suspensos. A questão da suspensão de inibidores de GLP-1 antes de uma endoscopia digestiva alta é um assunto que ainda gera dúvidas na comunidade médica.

São medicamentos que retardam o esvaziamento gástrico, o que atrapalha a visualização do estômago e aumenta o risco de pneumonia por aspiração do conteúdo gástrico. A orientação para sua suspensão é feita de forma individualizada. Seu médico deve sempre estar ciente do uso delas para proceder com a melhor orientação.

É importante também lembrar de que o paciente deve evitar o o uso de esmaltes nas unhas, principalmente de coloração azul, já que atrapalha a leitura do sensor de oximetria de pulso, que analisa a saturação e oxigênio, isto é , se o paciente está recebendo o aporte adequado de oxigênio.

Como é realizado o exame da Endoscopia Digestiva Alta?

Ela é antes de mais nada um procedimento ambulatorial, o que significa que o paciente será liberado para casa após o seu procedimento, sem necessidade de permanecer internado.

Após uma breve avaliação do médico anestesista é realizada uma sedação com medicamentos injetados diretamente na veia.

São feitas medicações para que o paciente durma e não sinta dor durante o exame. Não é uma anestesia geral! É uma sedação, o que significa, portanto, que é realizada dose suficiente para o paciente dormir durante o exame, não acordar durante o exame e não sentir dor.

Eventualmente também é realizada uma anestesia tópica na garganta. Isso permite que além de o paciente não sentir desconforto local, seja necessária dose menor de sedativos pela veia, uma vez que o estímulo à passagem do aparelho pela boca e garganta é menor.

Durante todo o exame o paciente é monitorizado sendo avaliados a pressão arterial, frequência cardíaca e saturação de oxigênio.

A presença de um médico anestesista em sala é fundamental para garantir que o paciente mantenha todos esses parâmetros sobre controle através da infusão de medicamentos, administração de oxigênio e realização de manobras de desobstrução de via aérea, se necessário.

O exame em si demora em torno de 15 minutos e consiste na avaliação de todo o trato gastrointestinal alto, documentação fotográfica e realização de biópsias para pesquisa de H.pylori e de estruturas que apresentarem alterações, além de tratamento endoscópico se necessário.

As biópsias são encaminhadas para análise no laboratório de patologia e normalmente seu laudo é liberado alguns dias depois do exame.

Posso sentir algum desconforto pós exame?

Não é rotineiro, mas o paciente pode se queixar sim principalmente de “estufamento” e dor na garganta.

À medida que a EDA é realizada precisamos obrigatoriamente injetar bastante ar para avaliar todo o estômago e por mais que seja aspirado ao final do exame, sempre permanece um pouco daquele ar injetado no estômago. Esse desconforto passa muito rápido.

Quanto à dor na garganta que alguns poucos pacientes reclamam, tentamos minimizar com a anestesia local tópica antes da passagem do aparelho.

É importante que o paciente tenha o contato do médico que realizou seu exame caso tenha sintomas importantes pós exame como: dor de cabeça, vômitos e ou sangramentos (vômitos com sangue ou fezes enegrecidas).

Quais são os cuidados pós EDA?

Após o procedimento o paciente permanecerá por aproximadamente 30-60minutos sob supervisão na recuperação anestésica, porém na alta estará ainda estará sob efeito do sedativo e com reflexos diminuídos.

É importante que não dirija após o exame e não volte em carona de moto e seja conduzido para casa com um acompanhante maior de idade.

Recomenda-se também que não trabalhe após o exame e para tal recebe um atestado para o dia do exame. Estará liberado para suas atividades habituais no dia posterior ao exame.

Deve procurar descansar, ingerir bastante líquido, fazer uma dieta leve durante esse dia e não tomar anti-inflamatórios ou anticoagulantes pelas próximas 24-48hs principalmente se realizados tratamentos endoscópicos como ressecção de pólipos e tratamentos endoscópicos como mucosectomias, dilatações e etc…

A Endoscopia Digestiva Alta é um exame seguro?

A endoscopia digestiva alta é um procedimento seguro e eficaz, mas como qualquer procedimento médico, possui alguns riscos. É importante entender que as complicações são relativamente raras ocorrendo em menos de 0,2% dos casos, e a maioria dos pacientes não apresenta problemas.

Os principais riscos associados à endoscopia digestiva alta incluem:

Sangramento: normalmente, o sangramento é leve e para espontaneamente, mas em alguns casos pode exigir tratamento adicional.

Perfuração: Em casos raríssimos, o endoscópio pode perfurar a parede do esôfago, estômago ou duodeno. A perfuração é uma complicação grave e geralmente requer tratamento cirúrgico.

Reações alérgicas: Algumas pessoas podem ter reações alérgicas aos sedativos ou outros medicamentos utilizados durante o procedimento.

Infecção: Embora rara, existe um pequeno risco de infecção no local da punção ou em caso de introdução de bactérias durante o procedimento.

Complicações relacionadas à sedação: A sedação utilizada durante a endoscopia pode causar complicações como queda na pressão arterial, arritmias cardíacas ou reações adversas aos medicamentos. Este risco é bastante minimizado com a presença de um médico anestesista experiente acompanhando o paciente durante todo o exame.

É muito importante ressaltar que a maioria das complicações em Endoscopia Digestiva Alta é leve e tratável.

A experiência do médico endoscopista, do médico anestesista, do tipo de procedimento realizado e do estado de saúde do paciente fazem com que os riscos diminuam significativamente.

A consulta pré exame é fundamental para que o seu médico avalie os seus riscos individuais e lhe dê as orientações pertinentes para a realização de um procedimento seguro.

Se você se sentir inseguro ou apresentar algum sintoma que lhe cause desconforto, é importante que tenha acesso e entre em contato com o seu médico examinador para melhor orientação de como proceder.

Como posso minimizar os riscos da Endoscopia Digestiva Alta?

Escolha um médico experiente: Procure um médico com experiência em endoscopia digestiva.

Informe ao seu médico sobre todos os seus medicamentos e alergias: Isso ajudará a evitar complicações durante o procedimento.

Siga as instruções do seu médico: Siga rigorosamente as instruções do seu médico sobre jejum e outros preparativos para o exame.