A doença celíaca decorre de uma alergia ao glúten.
Ocorre quando o próprio sistema imunológico produz anticorpos que atacam as células do intestino delgado em pacientes geneticamente suscetíveis e após exposição ao glúten , encontrado em alimentos como trigo, centeio e cevada.
A incidência da doença celíaca varia consideravelmente entre diferentes populações e regiões geográficas.
Estima-se que 1% da população mundial seja celíaca, mas a doença é extremamente subdiagnosticada, principalmente pela falta de conhecimento e apresentação clínica com sintomas muito variáveis.
O aumento da conscientização sobre a doença celíaca tem contribuído para o aumento do número de casos diagnosticados.
Qual a diferença entre Alergia ao Trigo, Intolerância ao Glúten e Alergia ao Glúten (Doença Celíaca)?
Alergia ao Trigo
- É uma reação exagerada do sistema imunológico a proteínas presentes no trigo, incluindo o glúten, que envolve a produção de anticorpos IgE , desencadeando uma resposta inflamatória rápida.
- Os sintomas aparecem rapidamente após a ingestão de trigo e podem incluir:
- Reações cutâneas (urticária, eczema)
- Problemas respiratórios (rinite, asma)
- Reações gastrointestinais (náuseas, vômitos, diarreia)
- Reações sistêmicas graves (anafilaxia)
- O diagnóstico é feito por teste alérgico cutâneo ou sanguíneo para identificar a alergia ao trigo. Deve ser tratada rapidamente como qualquer quadro alérgico.
Intolerância ao Glúten (Sensibilidade ao Glúten não Celíaca)
- É uma reação adversa ao glúten que não envolve o sistema imunológico e está relacionado a problemas de digestibilidade do glúten.
- Sintomas: podem ser semelhantes à doença celíaca, como: cansaço , dor de cabeça , inchaço abdominal, diarréia, constipação…
- O diagnóstico é feito por exclusão, após a eliminação de outras causas e a confirmação da melhora dos sintomas com a retirada do glúten da dieta.
Doença Celíaca
- É uma doença autoimune desencadeada pela ingestão de glúten, que causa danos às vilosidades intestinais. O próprio sistema imunológico ataca as células do intestino delgado.
- Sintomas podem incluir: diarréia crônica, cansaço, perda de peso ou dificuldade em ganhar peso, dores abdominais, inchaço abdominal, osteoporose, anemia, deficiências vitamínicas.
- O diagnóstico é feito através de exames de sangue e biópsia do duodeno.
Qual é o médico que diagnostica e trata Doença Celíaca?
É o médico Gastroenterologista.
Dra Vanessa Cipriani Vargas é médica Gastroenterologista com mais de 15 anos de formação. Especialista em Gastroenterologia e Endoscopia Digestiva, ela trata doenças como a Doença Celíaca e pode te ajudar a diagnosticar, tratar e controlar a Doença Celíaca.
Veja depoimentos reais de pacientes que já se consultaram com a Dra Vanessa Cipriani Vargas:
Quais são os sintomas da Doença Celíaca?
Os pacientes normalmente queixam-se de:
- Diarréia
- Constipação
- Estufamento abdominal
- Flatos e eructações excessivos
- Dificuldade em ganhar peso
- Perda de peso involuntária
- Anemia
- Erupções cutâneas ( dermatite herpetiforme )
- Osteoporose
- Infertilidade
- Atraso de crescimento / desenvolvimento em crianças
- Deficiências vitamínicas crônicas , principalmente de ferro e vitamina B12 .
É Possível Não Ter Sintomas?
Sim, ela pode ser completamente assintomática.
Ás vezes é descoberta incidentalmente durante exames de rotina ou quando um familiar próximo é diagnosticado.
Como é feito o diagnóstico de Doença Celíaca?
Para que o diagnóstico seja adequado é importante que o paciente não pare de consumir glúten, para não “mascarar” a doença.
Inicialmente são realizados exames de sangue para detectar anticorpos específicos como o anticorpo anti-transglutaminase tecidual, anticorpo anti-endomísio e anticorpo antigliadina
Anticorpos anti-transglutaminase tecidual (tTG): mais específicos e sensível para o diagnóstico da doença celíaca. A detecção da classe IgA é considerada o padrão ouro para o diagnóstico.
Anticorpos anti-endomísio (EMA): possuem alta especificidade e são úteis para confirmar o diagnóstico quando os níveis de tTG estão duvidosos.
Anticorpos antigliadina (AGA): embora tenham sido os primeiros anticorpos a serem identificados na doença celíaca, sua sensibilidade e especificidade são menores em comparação com os tTG e EMA , então seu uso rotineiro tem diminuído.
É importante ressaltar que a presença de anticorpos não é suficiente para o diagnóstico definitivo da doença celíaca.
O diagnóstico final é feito através da combinação de resultados de exames laboratoriais com a biópsia intestinal.
Após a coleta dos auto anticorpos , o diagnóstico é confirmado pela biópsia da segunda porção duodenal , que é realizada por Endoscopia Digestiva Alta.
A avaliação das amostras do tecido duodenal demonstram alterações típicas na Doença Celíaca , como : atrofia de vilosidades, hiperplasia de criptas e infiltração de linfócitos.
Para padronizar a avaliação das lesões histológicas no tecido duodenal , utiliza-se a classificação de Marsh, que divide as alterações em diferentes graus:
- Grau 0: Mucosa normal (não há doença celíaca).
- Grau I: Início da lesão, com leve aumento de linfócitos nas criptas.
- Grau II: Aumento da infiltração linfocitária e início da atrofia das vilosidades.
- Grau III: Atrofia total das vilosidades e hiperplasia das criptas.
A biópsia intestinal não é importante apenas para confirmar o diagnóstico, mas também para avaliar a resposta ao tratamento (ocorre normalização do tecido com a exclusão do glúten) e para excluir outras doenças que podem causar sintomas semelhantes.
Como é feita a Endoscopia Digestiva Alta para o diagnóstico da Doença Celíaca?
Realiza-se o exame de Endoscopia Digestiva Alta normalmente, porém com o acréscimo da biópsia da segunda porção do duodeno, que não é uma região normalmente biopsiada nas endoscopias em geral.
O aspecto endoscópico da Doença Celíaca é bastante típico, porém em alguns casos apenas observamos alterações microscópicas nas amostras de tecido conforme a Classificação de Marsch.
Existe tratamento para Doença Celíaca?
Sim e ele é exclusivamente dietético: deve-se parar totalmente o consumo de glúten.
Além do cuidado de não ingerir glúten, deve-se ter o cuidado com a contaminação cruzada.
Embora a dieta sem glúten seja até o momento o único tratamento para a doença celíaca, a pesquisa científica está avançando na busca por novas terapias.
O que é contaminação cruzada e qual seu risco?
A contaminação cruzada é um desafio diário enfrentado por celíacos.
È uma coisa séria e muitas vezes mal interpretada por familiares e amigos próximos que não entendem esse contato mínimo como grave o suficiente para causar danos aos celíacos.
O contato , mesmo que mínimo, dos alimentos sem glúten, com alimentos , produtos e utensílios contaminados por glúten é o suficiente para desencadear a reação imunológica no celíaco e causar danos ao seu intestino e sintomas.
Como ocorre a contaminação cruzada?
- Utensílios: O uso de facas, tábuas de corte, panelas e outros utensílios contaminados com glúten pode transferir traços da proteína para alimentos sem glúten.
- Preparo dos alimentos: Ao preparar alimentos com e sem glúten ao mesmo tempo, sem uma limpeza adequada dos utensílios entre um preparo e outro, pode ocorrer contaminação cruzada.
- Embalagens: Alimentos sem glúten podem ser contaminados durante o processo de produção ou embalagem, se entrarem em contato com superfícies ou equipamentos contaminados.
Como evitar a contaminação cruzada?
- Tenha utensílios separados: Utilize facas, tábuas de corte, panelas e outros utensílios exclusivos para alimentos sem glúten.
- Limpe tudo adequadamente: Lave bem todos os utensílios e superfícies com água quente e detergente após o preparo de alimentos com glúten.
- Avalie os rótulos: leia sempre os rótulos dos alimentos para garantir que eles sejam realmente sem glúten e livres de contaminação cruzada. Muitos alimentos processados contêm gluten. Isso se aplica também a produtos de higiene com shampoos, condicionadores e sabonetes.
- Cozinhe em casa: Preparar suas próprias refeições em casa permite ter maior controle sobre os ingredientes e evitar a contaminação cruzada.
- Frequentes restaurantes que manuseiem alimentos exclusivamente sem glúten
Doença Celíaca tem cura?
Não. É uma doença que tem controle, mas não cura.
É importante que o paciente tenha o apoio do seu médico gastroenterologista para fazer o acompanhamento e monitoramento de resposta à dieta sem glúten e reposições vitamínicas.
Também é importante o apoio de um bom nutricionista que o oriente e muitas vezes de equipe para acompanhamento de saúde mental, já que é uma doença que tem um impacto muito importante na vida familiar e social do paciente.
Dicas importantes para o paciente que tem Doença Celíaca:
Conheça os alimentos seguros – Leguminosas, arroz, carnes, frutas e vegetais são alimentos naturalmente seguros , sem glúten.
Mantenha um acompanhamento com nutricionista e gastroenterologista para garantir o controle da doença e instituir uma alimentação equilibrada e nutritiva.
O que pode acontecer ao Celíaco que não faz a dieta adequadamente?
Complicações da Doença Celíaca ao Consumir Glúten
Podemos ter complicações tanto a curto quanto a longo prazo:
Complicações a curto prazo:
- Diarreia
- Dor abdominal
- Vômitos
- Cansaço excessivo
Complicações a longo prazo:
- Má absorção: A absorção inadequada de nutrientes essenciais como ferro, cálcio, vitaminas e outros leva a deficiências nutricionais.
- Osteoporose: A deficiência de cálcio e vitamina D, causada pela má absorção, pode levar à osteoporose, enfraquecendo os ossos e aumentando o risco de fraturas.
- Anemia: A deficiência de ferro e vitamina B12, também causada pela má absorção, pode levar à anemia, caracterizada por fadiga, palidez e falta de ar.
- Infertilidade: pode causar irregularidades menstruais e infertilidade.
- Linfoma intestinal: A inflamação crônica do intestino aumenta o risco de desenvolver linfoma intestinal.
- Outras doenças autoimunes: Pessoas com doença celíaca têm maior risco de desenvolver outras doenças autoimunes, como a doença de Hashimoto e a diabetes tipo 1.
- Retardo no crescimento: Em crianças, a doença celíaca não tratada pode levar ao retardo no crescimento e desenvolvimento.
A doença Celíaca requer cuidados, porém com diagnóstico adequado e adesão à dieta sem glúten , a maioria das pessoas pode ter uma vida plena e saudável.
É importante manter o acompanhamento médico e nutricional com um gastroenterologista da sua confiança.
Dra Vanessa Cipriani Vargas é médica Gastroenterologista com mais de 15 anos de formação. Especialista em Gastroenterologia e Endoscopia Digestiva, ela trata doenças como a Doença Celíaca e pode te ajudar a diagnosticar , tratar e controlar a Doença Celíaca.
Veja depoimentos reais de pacientes que já se consultaram com a Dra Vanessa Cipriani Vargas :
Para conhecer: ACELBRA – Associação Celíaca Brasileira
É uma organização sem fins lucrativos que defende os direitos das pessoas celíacas e promove a conscientização sobre a doença.
Ela oferece orientação nutricional, grupos de apoio, informações sobre a doença, e advogada junto a órgãos públicos e empresas para garantir o direito do celíaco à alimentação segura e de qualidade.
A página da AcelbraRS contém inúmeras informações:
https://www.instagram.com/acelbrars
Dicas para quem tem Doença Celíaca em Porto Alegre:
POA se destaca como uma cidade inclusiva para pessoas com restrições alimentares, oferecendo diversas opções de restaurantes e estabelecimentos que servem alimentos exclusivamente sem glúten .
O site Celiciosa Trip é um site especializado em destinos para celíacos que possui uma página dedicada a informações sobre restaurantes e estabelecimentos sem glúten no Brasil, incluindo Porto Alegre , e no mundo :
https://celiciosatrip.com/destino-gluten-free/porto-alegre-rs/: Doença Celíaca: o que você precisa saber sobre a alergia ao glúten
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